Sim, a experiência com os espinhos serviu para que ela convivesse com as rosas sem se importar com eles. Ela ficou forte e as crostas rígidas em seus pés fora seu alicerce; ela não precisava mais de escudo, no mundo das rosas os espinhos são degraus. Quando ela compreendeu isto sua visão mudou; vivia arranhada, sangrando, armada e enfadada. Um dia ela olhou para cima e avistou algo diferente era algo colorido e perfumado, então, ela encarou os espinhos de forma indiferente. Como passara algum tempo de sua vida se ferindo sem entender o que estava fazendo, desta vez ela concentrou, analisou e percebeu que se escalasse aquele enorme paredão de espinhos que ela havia construído para si, algo novo iria encontrar. Mais do que de pressa ela largou o escudo, amarrou a barra do vestido e subiu cuidadosamente. Seus pés haviam ficado fortes, as solas eram rígidas e os espinhos; ela conhecia a todos, já não a machucavam mais. Quando chegou ao topo, se deparou com pétalas macias e perfumadas; ela se alimentou de néctar e matou sua sede com as gotas de água trazidas pelo orvalho. Naquele dia ela foi liberta, já estava preparada.
Raquel Marra